Os Lusíadas – Ata do Consílio dos Deuses (I, 20-41)

[atualizado]

Ata do Consílio dos Deuses

Aos dois dias do mês de Março de mil quatrocentos e noventa e nove, realizou-se, pelas dez horas, no Olimpo, um Consílio dos Deuses, com a seguinte ordem de trabalhos:
Ponto único – Deliberação sobre a ajuda a dar aos portugueses na descoberta do caminho marítimo para a Índia.
A reunião foi presidida por Júpiter e estiveram presentes todos os deuses convocados.
A abrir a sessão, Júpiter recordou à Assembleia os feitos heroicos já realizados pelos portugueses, tanto mais valorosos quanto se tratava de um povo com pouco poder, que já tinha vencido mouros e castelhanos. Referiu ainda que, no momento presente, enfrentava, com parcos recursos mas grande determinação, os perigos marítimos, tendo como objectivo chegar às terras do Oriente. Declarou, também, que já lhe estava prometido, pelo Fado eterno, o domínio, por muito tempo, dos mares do oriente. Tinham passado um inverno rigoroso no mar e enfrentado duros perigos, os navegantes estavam exaustos, por isso, decidira que a armada fosse amigavelmente recebida na costa africana, para retemperar forças antes de prosseguir a viagem.
Na sequência desta declaração, Baco manifestou a sua discordância, defendendo que, se chegassem ao Oriente, os portugueses dominariam a região e os seus feitos fariam esquecer famas anteriores. Ele próprio, Baco, deixaria de ser adorado e perderia a sua glória.
A deusa Vénus, discordando de Baco, apoiou a decisão de Júpiter, argumentando com as qualidades do povo português, semelhantes às do povo romano, descendente do seu filho .
Gerou-se, então, grande tumulto na Assembleia . O deus Marte, levantando-se para expor as suas razões, repôs a ordem na reunião e, dirigindo-se a Júpiter, incentivou-o a não dar ouvidos a Baco, pois as suas opiniões não se baseavam na razão, mas em sentimentos mesquinhos como a inveja, e aconselhou-o a não voltar atrás da decisão tomada, pois seria sinal de fraqueza.
Júpiter concordou com as palavras de Marte, fazendo um gesto de aprovação, e, de seguida, espalhou néctar pelos deuses, que se preparavam já para regressar aos seus planetas.
E nada mais havendo a tratar, deu-se por encerrada a sessão da qual se lavrou a presente ata, que vai ser assinada nos termos da lei.

O Presidente: Júpiter
O Secretário: _______________

Nota – para imprimires um documento com esta ata e com as características deste tipo de texto, carrega aqui.

Autor: António Alves

Professor de Português

27 opiniões sobre “Os Lusíadas – Ata do Consílio dos Deuses (I, 20-41)”

  1. Muito Obrigado acho que devia continuar este site e excelente e tem muita informaçao que nos pode ajudar principalmente nos alunos do 9 ano

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  2. Considero excelentes estes trabalhos. Bem haja pelo empenho e dedicação à causa docente. Parabéns!

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