Os Lusíadas (V, 37-60) – resumo do episódio do Gigante Adamastor

[atualizado]

Cinco dias depois de terem deixado a baía de Santa Helena, os marinheiros lusos viajavam por mares “nunca d’outrem navegados” com o vento de feição, mas certa noite, uma nuvem escura surgiu sobre a armada e os marinheiros encheram-se de medo.
De repente, uma figura medonha apareceu: um ser disforme, um gigante, tinha um ar carrancudo, a barba suja e maltrada, os cabelos ásperos/crespos e cheios de terra, a boca escura e os dentes amarelos. Camões (através do narrador que é agora Vasco da Gama) compara-o a uma das sete maravilhas do mundo: o Colosso de Rodes  O Gigante dirige-se aos marinheiros num tom de voz “grave e horrendo”, provocando-lhes grande temor, dizendo:
“Ó povo audacioso que não descansa, como ousas navegar estes mares, que nunca foram cortados por qualquer outro navio? Viestes descobrir os segredos marítimos? Pois desde já vos digo que os que tentaram antes de vós, pagaram com a vida. E vós, pela ousadia, também sereis castigados. Os vossos barcos hão-de naufragar e enfrentareis males de toda a espécie. O sofrimento será tal, que será preferível a morte. O primeiro ilustre que passar aqui ficará sepultado. Outros hão-de ver os filhos morrer de fome e eles próprios morrerão também.”
Então, Vasco da Gama, corajosamente, interpela o Gigante perguntando-lhe: “Quem és tu?” Ele começa, então, a relatar a sua história:
“Eu sou o que vós chamais Cabo das Tormentas. Ptolomeu, Plínio, Pompónio, e Estrabo não me conheceram, mas jamais ousariam desafiar-me. Fui outrora um dos gigantes que guerrearam contra Júpiter, chamava-me Adamastor. Apaixonei-me pela “Princesa das Águas” – Tétis; um amor impossível, devido ao meu aspecto assustador. Amedrontei Dóris, mãe dela, que me deu esperanças e combinou um encontro. Cego de amor, abandonei a guerra e, uma noite, Tétis vem, toda nua, ao meu encontro. Corri, abracei-a e cobri-a de beijos, mas era apenas uma ilusão, um engano, e de repente dei por mim abraçado a um monte, e eu próprio transformado em monte e rocha. Sendo eu tão grande, formou-se este Cabo. E também os deuses me castigaram, pois estou rodeado de água, o que significa que Tétis anda sempre à minha volta.” Terminado o discurso, Adamastor afastou-se, chorando .
Vasco da Gama agradece a Deus por terem chegado até ali e roga-lhe que não permita que se concretizem as profecias do gigante.

EXERCÍCIO  INTERATIVO SOBRE EPISÓDIO DO GIGANTE ADAMASTOR  AQUI
 

Autor: António Alves

Professor de Português

40 opiniões sobre “Os Lusíadas (V, 37-60) – resumo do episódio do Gigante Adamastor”

  1. eu sou professora de portugues e tenho a dizer que este blog é um mundo.
    Esta muito bom, para meus alunos
    obrigada 🙂

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